Momento de desvencilhar dos corpos antigos
Da casca
Dos que nos sobrou.
O ciclo se desmembra..
Não se estilhaça como vidro.
Estamos gerando poesia dentro de úteros fortes e quadris largos.
Se misturam com a presença masculina que temos defronte a nós.
Dentro de nós, somos tão cruéis.
Geramos vidas incontroláveis do lado de fora.
Geramos poesia em gestação para acalmar a nossa angústia.
De não estar por dentro de tudo.
Esperamos pacientemente.
Perdemos os contornos...
Não digo que é doloroso.
Pois de fato não sei.
Ando tão embaraçada com o véu que mamãe me preparou para o casamento.
Que nem lembro que carrego uma outra parte em mim.
A casca já sei foi...
Quero que me vejam entregue como sou;
Humana,
Mulher.
Em busca dos meus contornos de feminilidade desvastados.
Por mãos e juras mentirosas.
Momento de abandonar-me.
O ciclo mudou...
(*Texto de Marcela Cabral)
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